Atletas Brasileiros do Remo Abandonam Pré-Olímpico para Ajudar Vítimas de Enchentes no Rio Grande do Sul


Maria Melo

 Evaldo Becker e Piedro Tuchtenhagen, reconhecidos no skiff duplo peso leve, abriram mão da oportunidade de competir no Pré-Olímpico Final da modalidade, que acontecerá em Lucerna, Suíça, entre os dias 19 e 21 de maio. A decisão foi motivada pela urgência em auxiliar as vítimas das recentes e devastadoras chuvas que assolaram o estado do Rio Grande do Sul na última semana.

Enquanto muitos se preparam para as Olimpíadas de Paris 2024, Evaldo e Piedro, em vez de treinar nas águas do Guaíba, encontraram-se envolvidos em operações de resgate e assistência às pessoas afetadas pelas inundações. "Diante de todo o caos que se instalou aqui no sul, onde fazíamos nossa preparação final para o Pré-Olímpico, ficou inviável treinar por conta da cheia no Guaíba", explicou Evaldo Becker em uma entrevista ao Olympics.com.

A dupla, ciente da importância de sua participação nas eliminatórias olímpicas, optou por priorizar o dever humanitário sobre suas aspirações esportivas. "A gente viu que não poderíamos parar de ajudar, já não era mais viável competir. Decidimos juntos que ajudar as pessoas nesse momento é mais importante", destacou Becker.

Nascido em Santa Maria (RS) e representando o Flamengo, Evaldo concentrou seus esforços em garantir a segurança de sua filha e em contribuir com as operações de resgate, enquanto Piedro, atleta do Grêmio Náutico União (GNU), também se dedicou ao apoio às vítimas.

Em meio à tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, outros membros da Seleção Brasileira de Remo, como Alef Fontoura e Daniel Lima, também renunciaram à oportunidade de competir no Pré-Olímpico para se dedicarem integralmente ao auxílio às famílias afetadas.

Para Evaldo Becker, que junto com Piedro alcançou o terceiro lugar no Pré-Olímpico continental realizado no Rio de Janeiro, a decisão de abandonar a competição não foi fácil. No entanto, ele ressalta que, diante da magnitude da crise, não havia espaço para considerações sobre sua carreira esportiva. "Só queremos resgatar e ajudar o máximo possível. Estamos há cinco dias sem dormir direito, só pensando em ajudar e correr para ninguém ficar para trás", afirmou.

A experiência e a destreza adquiridas no esporte têm sido fundamentais para os atletas no desempenho de suas atividades de resgate. "A gente vive na água, na enchente passamos um pouco de tranquilidade para que tudo fique bem", comentou Evaldo.

Apesar da dor de não poderem perseguir seu sonho olímpico neste momento, Evaldo Becker e Piedro Tuchtenhagen permanecem dedicados a um objetivo maior: servir e apoiar suas comunidades em tempos de necessidade. "Vamos seguir dando nosso máximo aqui. Agora esse é o nosso barco e só vamos parar até que todos estejam bem", concluiu Becker.



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